Parece besteira ter que afirmar um fato tão comum como este de meu filho estudar em uma escola publica, contudo acho necessário reafirmar isso diante de uma das verdades em que mais acredito: Não se pode lutar por algo no qual não se acredita.
Como educadora sou defensora da escola publica para todas as crianças independente de sua classe social, cor ou crença. Toda criança tem o direito de ser educada com a garantia dos governos municipais, estaduais e federais.Logo, não vejo o porque não deixar com que o meu próprio filho viva a experiência de estudar em uma escola publica. Muitos professores pensam diferente, trabalham em escolas publicas e fazem questão de pagar pela educação de seus filhos, o que me deixa sempre muito incomodada, mas até ai isso é questão de escolha pessoal.
Minha maior critica fica sempre aquela que diz respeito a luta pela qualidade de educação, se não confiamos essa educação aos nossos próprios filhos, o que faz pensar que a luta por melhorias na educação realmente vão acontecer?
Tenho uma história de vida dentro de escolas publicas, nunca paguei pela minha educação, sou defasada em vários aspectos na minha formação, e mesmo assim, aos 29 anos, já tinha alcançado um patamar de formação que apenas 1% dos brasileiros conseguem atingir na sua educação, nesta idade me tornei mestre em educação, concluindo uma etapa que para minha classe social, para o meu contexto histórico e familiar nunca poderia ser imaginada há algum tempo atrás.
Por isso digo, afirmo e repito, meu filho estuda em escola publica, minha filha também, quando chegar na idade certa, vai estudar. porque eu não posso levantar bandeiras a meio mastro, eu faço questão de mostrar a eles e a mm mesma que sim, a educação publica também proporciona um futuro bom para os cidadãos brasileiros.
Como pesquisadora o meu tema central de pesquisa sempre foi e sempre será a eterna busca pela resposta desta questão: Qual o lugar da criança pobre dentro da escola publica?
Se voltarmos no tempo, veremos que há algum tempo atrás a escola publica tinha uma qualidade excelente de ensino, tanto que muitos sonhavam em fazer parte dela almejando um futuro promissor, mas ao passo que a escola foi sendo aberta para todas as classes sociais, seu nivel foi caindo, ainda mais nas zonas periféricas, logo as escolas privadas ganharam maior espaço e conquistaram de vez o publico da classe alta, que não mais almejava uma educação publica, tão "publica assim". Neste momento as lutas pela qualidade da educação não deveriam ter parado de ocorrer, mas o fato é que os envolvidos com a escola publica foram sendo, profissionalmente, desvalorizados, não tinham mais o prestigio de antes, o salário dos professores e a carreira docente foi perdendo seu prestigio até que chegamos aos dias atuais, onde profissionais da educação trabalham até em três períodos para garantir um salário mais digno para si, Enquanto os alunos desmotivados e perdidos pensam em utilizar o espaço escolar para muitas coisas, menos aprender.
Como profissional dessa área nunca desistirei de acreditar na educação publica e que as crianças pobres devem sim aproveitar esse espaço para aquisição de capital cultural que vai lhes ajudar a crescer como pessoas e profissionais no futuro. Gostaria de ter uma escola onde a criança pobre possa se reconhecer como individuo, não como estatistica de fracasso esperado, sonho com uma escola menos empresarial e mais humana, bem como espero que um dia o professorado consiga se reconhecer como classe e lute por seus direitos sem boicotar a si mesmos na hora das lutas por melhorias em sua carreira e em seu prestigio profissional.
E é por tudo isso, que penso e afirmo: Meu filho estuda em escola publica, pois o direito a educação é uma conquista adquirida com muita luta para ser vista como coisa tão banal. È por isso, também, que me fiz educadora, para mostrar aos demais que é possível sim chegar longe mesmo tendo em seu currículo escolas publicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário