terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O Que Não Se Pode Mudar

"Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente, não aceites o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar".

Li alguns textos de Bertolt Brecht há muito tempo atrás, quando tinha exatamente 20 anos e procurava inspiração para escrever algo que pudesse ser grande o suficiente para ser inesquecível para mim, tanto que quando iniciei meu mestrado não tive duvida, o trecho acima seria a epigrafe do meu trabalho.
E porque esse trecho em especial? Ele porque ao ler esses escritos eu não me transportei há um passado onde eu não passava de uma criança, uma menina bonitinha e distraída que não se dava muito bem na escola. Era muito inquieta, tinha o sonho de ler todos os livros do mundo, mas em verdade não conseguia nem junta-las, fazer com que elas dessem as mãos para que pudessem formar palavras, ou seja, fui mais uma das tantas crianças moradoras de periferia que fracassou de alguma maneira na escola.
Posso dizer por conhecimento de caso como dói ser apontada como inferior, essa sempre é uma das horas em que você para e pensa: O que devo fazer agora? As escolhas sempre foram apenas duas, ou eu me entrego a um futuro já traçado, ou me transformo em uma pessoa subversiva, que enfrenta o status quo e diz para si mesmo com orgulho: - Quem escolhe o que vai acontecer sou eu.
Foi assim que escolhi por tema de estudo fazer a seguinte pergunta: Qual é o local da criança pobre dentro da escola publica? Seria essa escola realmente democrática?
Era com pesar que, a cada nova pesquisa sobre o perfil do aluno pobre eu me chocava, pois desde a época em que começaram a pensar a abrir a escola para todos as viram como um problema a ser solucionada, nunca com um potencial a ser alcançado se bem trabalhado. Ao longo da historia o que se vê com clareza é o preconceito sempre culpando o local de moradia, a má alimentação, a família, a situação financeira. Nunca culparam a si mesmos por terem apenas se apropriado de metodologias nunca de fato criando um real método educacional que desse conta de solucionar o problema do fracasso escolar das crianças pobres.
Mesmo diante de um panorama devastador, tudo o que eu queria provar era que nada é impossível de se mudar, e meus primeiros passos como pesquisadora foram apontar o problema e trazer a reflexão sobre como "de fato" podemos alterar esse panorama de preconceito e estigmatização, fazendo com que fiquemos próximos a criação de um jeito de se fazer educação com a cara do Brasil, não um Frankstein de metodologias francesas, americanas, portuguesas, pois creio que só assim conseguiríamos mudar a cara e a realidade das nossas crianças carentes junto a escola.
Com minhas pesquisas iniciais comecei a esboçar um pensar para além do que temos, pretendo futuramente, em estudos posteriores , mais avançados e elaborados começar a apontar soluções para esse problema, mas por hora vou postando por esse espaço trechos com meus temas de estudos, que compuseram os capítulos da minha dissertação de mestrado, tentando chamar pessoas para mostrar o quanto é possível mudar, pois derrota só existe para aqueles que acreditam que não podem mudar nada, para os sonhadores de espirito e exatos de ação, tudo pode ser alterado, até a realidade mais dolorida pode e deve ser mudada.
Convido a quem queira dar uma espiada nos meus pensamentos, deixando a seguinte reflexão: tudo pode e deve mudar, pois a essa habilidade damos o nome de evolução.