segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Foco da Educação

Fonte:locadorasdemaquina.com.br

Será que ser cidadão é apenas preparar-se para fazer parte do mundo do trabalho? Dentro desta perspectiva, qual é o papel da educação?
Em seu segundo artigo, a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) é bem clara quando diz que a educação visa preparar as pessoas para o exercício de sua cidadania e para a iserção no mercado de trabalho. Se a LDB reconhece que existe uma diferença entre cidadania e trabalho, porque será que a grande maioria das pessoas ainda acha que ser cidadão é sinônimo de trabalho?
Nas ultimas eleições, quando se falava em educação, na maior parte das vezes, estava ligada ao ensino profissionalizante. Não tenho nada contra o tema, contudo, para se chegar a profissionalização, primeiro devemos passar por um longo período de estudos. O que dizer do ensino básico e médio?
Esses questionamentos todos me tomaram depois que li uma matéria do Estadão sobre o PNE(Plano Nacional de Educação) que ainda não chegou a ser analisada pelo Ministro da Educação Fernando Haddad e pela presidenta Dilma Rousseff. A matéria faz referência a preocupação presidencial com o programa Pronatec que incentiva o acesso ao ensino tecnico e ao mercado de trabalho.
Como acadêmica me interesso e muito por um programa que, além do ensino técnico, viabiliza a aquisição de bolsas de estudos em graus mais elevados. Contudo, a questão que levantei a pouco ainda continua me intrigando: como falar em educação tecnica e ensino superior, sendo que apenas um por cento das pessoas conseguem ter acesso ao ensino superior e uma porcentagem ainda muito pequena pensa em profissionalizar-se em alguma área do conhecimento, mesmo como tecnico.
Como educadora espero encontrar, ainda ao longo desse mês nos jornais, noticias sobre a aprovação e aplicação do novo PNE com metas mais claras e menos utópicas que possam nos dar subsidios para uma real transformação educacional no nosso país, que comece na educação infantil de qualidade e alcance os graus mais elevados de ensino no nosso país.

Espero que o termo "Mão de Obra" na foto acima seja substituido pela palavra "Educação" e que "obras" signifique VIDA.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sobre Nossas Diferenças

Fonte: keywordpictures.com


Por um minuto, caro leitor, volte ao seu passado e me diga: Você hoje é o que sonhou ser ou é apenas o que os outros fizeram de você?

Na ultimo dia 26/05, assisti a uma palestra que falava sobre o direito a ser diferente, ofericida pelo Núcleo de Educação em Direitos Humanos da Universidade Metodista. Ao longo de sua fala, a palestrante nos fez várias provocações que sempre nos levavam a mesma reflexão: estamos preparados para trabalhar com as diferenças num meio onde ser o que esperam que você seja é a regra?

De todas as provocações a que mais me marcou foi justamente a relacionada com a pergunta com a qual iniciei essa postagem: Algum dia, na minha vida, alguém determinou o que eu seria?

Pois então, em resposta a essa pergunta posso claramente dizer: SIM.

Nasci mulher, pertencente a família simples, moradora da cidade de Diadema que faz parte do Grande ABC. Nunca estudei nas melhores escolas, mas sempre tentei ser a melhor aluna que podia ser, contudo não era o que podia se chamar de aluna exemplar, sempre pertenci aos alunos medianos que preocupavam-se apenas em terminar os estudos, pois era muito importante ter segundo grau completo para poder conseguir um bom emprego.

Unicas certezas,até então na minha vida: terminar a escola, trabalhar, casar e ter filhos... Esse era o destino que o meio onde eu vivia determinou havia traçado para eu seguir.

O que aconteceu de diferente? Simples, aprendi que existe sempre mais de um caminho a seguir na vida e através de uma mudança radical de pensamento e metas que ocorreram na minha vida contrariei as expectativas , fiz minhas próprias escolhas que nem sempre foram fáceis e acabei mudando o meu destino.


História particular a parte, fico aqui comigo pensando: Será que como educadores, treinados para trabalhar com padronizações,conseguimos mostrar aos nossos alunos com destinos já selados que eles podem ser mais do que aquilo que esperam que eles sejám?

Triste é ter a certeza de quem são raros os casos de pessoas que conseguem reformular os seus destinos, superando suas dificuldades financeiras,emocionais, sua falta de capital cultura fazendo com que suas vidas sejam diferentes de tudo o que a classe a qual pertencem determinou.

Não estamos preparados para lhe dar com a diferença, a nós, educadores instrumentais, o mais fácil é seguir as regras e pensar que na periferia ninguém se interessa por literatura, ou qualquer coisa que se remeta a cultura erudita. Mas o que seria a cultura erudita, senão a aceitação da cultural imposta como pura a todos nós por uma determinada classe social? Se conseguissemos trabalhar com as diferenças os termos cultura e cultura popular não existiriam, afinal, nós todos produzimos cultura, isso é o que nos separa dos demais animais.

Penso que falhamos sempre ao tentar falar das nossas diferenças, pois quando não nos fechamos em circulos minoritários, acabamos por ser estigmatizados no momento em que tentamos ultrapassar as barreiras de classes em busca da tão sonhada segunda opção.

Como educadora tento não me deixar vencer por essa cegueira, mesmo assim sei que como tal vou errar muito ao longo da minha carreira, pois tentar aceitar as diferenças exige a capacidade de superarmos nossos próprios preconceitos e isso é uma função que deve ser aprimorada ao longo da vida.


Para terminar, deixo aqui apenas um desejo registrado, espero que, mesmo que eu não consiga, um dia alguém consiga por mim aceitar que podemos ser mais do que aquilo que esperam de nós.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Culta ou Popular: Qual é a sua máscara?

Fonte:pordetrasdoveu.blogspot.com

Como educadora sinto que demorei para falar sobre esse assunto, mas isso porque como pesquisadora, primeiro fui atrás da obra para poder ler e fazer uma interpretação que não estivesse influenciada por esse ou aquele artigo, comentário ou reportagem.
Ao ler o tão comentado capítulo do livro “Por uma vida melhor”, da professora Heloisa Ramos, que tenta ensinar como se deve utilizar a norma popular e a culta no nosso cotidiano percebi o quanto a maioria das opiniões sobre o assunto estavam equivocadas, pois o que encontramos no livro não é uma apologia ao falar ou ao escrever errôneo, mas sim uma explicação muito precisa do porque devemos utilizar a norma culta na maioria das situações sociais. Isso fica bem claro quando a autora diz que a lingua é um instrumento de poder muito bem utilizado pela classe dominante e por isso deve ser utilizado por nós (os alunos, em questão), para que não soframos com o chamado preconceito linguistico.
Creio que ai esta o ponto que fez com que esse capítulo do livro fosse tão severamente criticado pela mídia em geral, afinal, apesar de não sofrermos mais com nenhuma censura, ainda sofremos com o moralismo aprendido com a mesma durante um longo período. Se antigamente as mídias tentavam nos informar mesmo sobre grande repressão, hoje ela apenas deforma nossa opinião por ter perdido quase todo seu aspecto crítico e ter virado quase apenas entretenimento.

Na ultima semana, no dia 27/05, participei de uma mesa que discutia as manifestações populares como resistência da cultura popular, no Congresso de História do ABC, na cidade de Diadema, São Paulo. O intuito era que cada participante da mesa falasse um pouco sobre sua experiência com o movimento de cultura popular que representavam, quando chegou a vez de um senhor que falou sobre a chamada Congada, pude notar que uma parte do auditório fazia comentários irônicos, pois o senhor em questão não era nenhum acadêmico e antes de iniciar sua fala foi se desculpando por não saber "falar bonito". Acompanhei as falas de todos até o fim, e todos aqueles que demonstravam dificuldades em se comunicar utilizando a linguagem culta eram alvo de comentários e sorrisos de deboche.
Mais por que raios estou falando sobre isso?
Simples, só estou tentando mostrar o quanto estamos acostumados a pensar que apenas o conhecimento dito culto é conferido como verdadeiro conhecimento e como ignoramos tudo o que possa ser considerado popular. O pior nisso é que todas as pessoas que por alguma razão não se apropriaram corretamente da linguagem culta sentem-se culpadas por não saberem "falar bonito", e por mais que façam trabalhos magníficos de incentivo a cultura são taxadas como incapazes.
Discussões como as iniciadas no capítulo tão difamado do livro tem como intuito o desejo de mostrar a tantos excluídos da sociedade que o conhecimento que eles possuem tem valor e somados aos conhecimentos das normas cultas pode aumentar e fazer com que a história de muitas vidas possa tomar um rumo diferente daquele determinado pela classe social em que nasceram.

Como educadora desejo que a educação nunca saia da pauta das discussões nas mídias para que ela possa se aprimorar e avançar cada vez mais. Contudo, como pesquisadora, espero que toda e qualquer pessoa que venha a publicar alguma opinião sobre a educação faça, antes, um dos exercícios mais lógicos e bonitos aprendidos na área da comunicação: ANALISE AS FONTES. sem esquecer de dar uma olhada no seu viés.