segunda-feira, 6 de junho de 2011

Sobre Nossas Diferenças

Fonte: keywordpictures.com


Por um minuto, caro leitor, volte ao seu passado e me diga: Você hoje é o que sonhou ser ou é apenas o que os outros fizeram de você?

Na ultimo dia 26/05, assisti a uma palestra que falava sobre o direito a ser diferente, ofericida pelo Núcleo de Educação em Direitos Humanos da Universidade Metodista. Ao longo de sua fala, a palestrante nos fez várias provocações que sempre nos levavam a mesma reflexão: estamos preparados para trabalhar com as diferenças num meio onde ser o que esperam que você seja é a regra?

De todas as provocações a que mais me marcou foi justamente a relacionada com a pergunta com a qual iniciei essa postagem: Algum dia, na minha vida, alguém determinou o que eu seria?

Pois então, em resposta a essa pergunta posso claramente dizer: SIM.

Nasci mulher, pertencente a família simples, moradora da cidade de Diadema que faz parte do Grande ABC. Nunca estudei nas melhores escolas, mas sempre tentei ser a melhor aluna que podia ser, contudo não era o que podia se chamar de aluna exemplar, sempre pertenci aos alunos medianos que preocupavam-se apenas em terminar os estudos, pois era muito importante ter segundo grau completo para poder conseguir um bom emprego.

Unicas certezas,até então na minha vida: terminar a escola, trabalhar, casar e ter filhos... Esse era o destino que o meio onde eu vivia determinou havia traçado para eu seguir.

O que aconteceu de diferente? Simples, aprendi que existe sempre mais de um caminho a seguir na vida e através de uma mudança radical de pensamento e metas que ocorreram na minha vida contrariei as expectativas , fiz minhas próprias escolhas que nem sempre foram fáceis e acabei mudando o meu destino.


História particular a parte, fico aqui comigo pensando: Será que como educadores, treinados para trabalhar com padronizações,conseguimos mostrar aos nossos alunos com destinos já selados que eles podem ser mais do que aquilo que esperam que eles sejám?

Triste é ter a certeza de quem são raros os casos de pessoas que conseguem reformular os seus destinos, superando suas dificuldades financeiras,emocionais, sua falta de capital cultura fazendo com que suas vidas sejam diferentes de tudo o que a classe a qual pertencem determinou.

Não estamos preparados para lhe dar com a diferença, a nós, educadores instrumentais, o mais fácil é seguir as regras e pensar que na periferia ninguém se interessa por literatura, ou qualquer coisa que se remeta a cultura erudita. Mas o que seria a cultura erudita, senão a aceitação da cultural imposta como pura a todos nós por uma determinada classe social? Se conseguissemos trabalhar com as diferenças os termos cultura e cultura popular não existiriam, afinal, nós todos produzimos cultura, isso é o que nos separa dos demais animais.

Penso que falhamos sempre ao tentar falar das nossas diferenças, pois quando não nos fechamos em circulos minoritários, acabamos por ser estigmatizados no momento em que tentamos ultrapassar as barreiras de classes em busca da tão sonhada segunda opção.

Como educadora tento não me deixar vencer por essa cegueira, mesmo assim sei que como tal vou errar muito ao longo da minha carreira, pois tentar aceitar as diferenças exige a capacidade de superarmos nossos próprios preconceitos e isso é uma função que deve ser aprimorada ao longo da vida.


Para terminar, deixo aqui apenas um desejo registrado, espero que, mesmo que eu não consiga, um dia alguém consiga por mim aceitar que podemos ser mais do que aquilo que esperam de nós.

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