segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Somos os Gays de Ontem




Em 8 de março de 1857, em uma fábrica de tecelagem Norte Americana, 130 mulheres que protestavam em busca de direitos e condições de trabalho iguais, foram trancadas como animais e acabaram falecendo carbonizadas por um incêndio criminoso que tentava lhes aplicar um castigo exemplar para que parassem de importunar seus superiores com questões tão banais.
Somente em uma conferência realizada na Dinamarca, ficou acertado que o dia 8 de Março seria internacionalmente comemorado em homenagem a essas trabalhadoras que morreram de maneira tão trágica. Contudo, apenas no ano de 1975 a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional das Mulheres.
Enquanto isso, aqui no Brasil, no dia 24 de Janeiro de 1932, as mulheres conquistaram o direito ao voto, bem como o direito a se candidatarem a cargos públicos. Mesmo diante dessa conquista feminina, apenas no ano de 2010 conseguimos eleger a primeira mulher presidente do país.
Não escondi minha euforia pessoal, quando soube que duas mulheres disputariam o cargo de presidenta esse ano: Luciana Genro e Dilma Roosevelt. Depois da fatalidade ocorrida com Eduardo Campos, ver Marina Silva e Dilma liderando a pesquisa de intenção de votos não deixou de ser um avanço para as conquistas femininas. Afinal, as mulheres sempre foram tão guerreiras que passaram todo esse tempo histórico lutando para serem vistas com igualdade que esses pequenos avanços merecem ser comemorados
Mas por que  fazer  esse histórico de conquistas femininas?
Simplesmente para ilustrar uma das poucas verdades nas quais eu acredito: os gays ocuparam o nosso lugar como uma subespécie incapaz de contribuir para o bem social e comum.
No último debate político exibido na rede Record, pudemos conhecer um pouco da intolerância e homofobia do candidato a presidente Levi Fidelix que através de suas palavras atacou de forma extremistas e agressiva a comunidade LGBT do nosso país. Não bastasse todo o seu ódio mostrou também seu desprezo pelas mulheres, uma vê que acredita que mulheres existem apenas para ter filhos perpetuado a nossa espécie.
Poderíamos deixar que essas considerações  cretinas não nos afetasse, afinal, segundo as pesquisas, ele nem tem tantas intenções de votos, por outro lado, com seu espetáculo conseguido despertar o ódio que muitos brasileiros sentem, e por mais que tenhamos visto desde ontem a onda de protestos nas redes sociais contra suas palavras, nos comentários de reportagens e videos a respeito do ocorrido sempre achamos depoimentos daqueles que apóiam seu pensamento.
Num portal de noticias (Terra), nos cometários li muitas respostas em apoio ao "sensato" senhor de família, em um até faziam insinuações do despreparo de Luciana Genro e de como ela era utilizada como fantasia sexual de um comentarista em especifico. No momento em que li tais comentários me lembrei do recente jovem morto por ser gay e de como sempre tentam assustar os diferentes pelo medo. Essas pessoas agem com tal puritanismo diante da sexualidade alheia, que parece que nenhum deles cogita a possibilidade de fazer sexo apenas por prazer, agem como se vivessem dentro da comunidade utópica do romance de George Orwell, 1984, e se esse for o mundo dos justos e bons cidadãos, desculpe-me, mas dessa sociedade eu não quero fazer parte.
Sendo assim, queria reafirmar o que o título deste post diz, somos os gays de ontem, por isso consigo sentir empatia pela causa LGBT, por isso chorei quando o supremo votou a favor do casamento igualitário, por isso me emociono com as histórias que leio a respeito de casos violentos praticados por homofobia. Por isso espero que essa comunidade não precise passar pela vergonha de ganhar um dia todo seu que, no fundo, só vai lembrar a todos que pertencem a essa comunidade a pulsão de ódio que tantos sentem por eles.
A todos os membros da comunidade LGBT só posso desejar um passado de lutas , sim, porque lutar faz parte de ser humano, mas que as lutas possam leva-los  a conquista de seus direitos em um tempo histórico bem menor que o feminino.



sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Porque Eu Também sou Maria

Vídeo: VIDA MARIA

Não tem nada mais importante na vida do que a capacidade de sentir empatia, de se colocar no lugar do outro.
- Mas a vida é questão de escolha?
E quando você não tem escolha, quais são suas oportunidades de crescimento. Só porque eu também consigo me colocar no lugar de Maria, chamo todos a fazer a seguinte reflexão: -Será que nossas oportunidades realmente são iguais?

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Meu Filho Estuda em Escola Publica

Foto: Acervo Próprio

Parece besteira ter que afirmar um fato tão comum como este de meu filho estudar em uma escola publica, contudo acho necessário reafirmar isso diante de uma das verdades em que mais acredito: Não se pode lutar por algo no qual não se acredita.
Como educadora sou defensora da escola publica para todas as crianças independente de sua classe social, cor ou crença. Toda criança tem o direito de ser educada com a garantia dos governos municipais, estaduais e federais.Logo, não vejo o porque não deixar com que o meu próprio filho viva a experiência de estudar em uma escola publica. Muitos professores pensam diferente, trabalham em escolas publicas e fazem questão de pagar pela educação de seus filhos, o que me deixa sempre muito incomodada, mas até ai isso é questão de escolha pessoal.  
Minha maior critica fica sempre aquela que diz respeito a luta pela qualidade de educação, se não confiamos essa educação aos nossos próprios filhos, o que faz pensar que a luta por melhorias na educação realmente vão acontecer?
Tenho uma história de vida dentro de escolas publicas, nunca paguei pela minha educação, sou defasada em vários aspectos na minha formação, e mesmo assim, aos 29 anos, já tinha alcançado um patamar de formação que apenas 1% dos brasileiros conseguem atingir na sua educação, nesta idade me tornei mestre em educação, concluindo uma etapa que para minha classe social, para o meu contexto histórico e familiar nunca poderia ser imaginada há algum tempo atrás.
Por isso digo, afirmo e repito, meu filho estuda em escola publica, minha filha também, quando chegar na idade certa, vai estudar. porque eu não posso levantar bandeiras a meio mastro, eu faço questão de mostrar a eles e a mm mesma que sim, a educação publica também proporciona um futuro bom para os cidadãos brasileiros.
Como pesquisadora o meu tema central de pesquisa sempre foi e sempre será a eterna busca pela resposta desta questão: Qual o lugar da criança pobre dentro da escola publica?
Se voltarmos no tempo, veremos que há algum tempo atrás a escola publica tinha uma qualidade excelente de ensino, tanto que muitos sonhavam em fazer parte dela almejando um futuro promissor, mas ao passo que a escola foi sendo aberta para todas as classes sociais, seu nivel foi caindo, ainda mais nas zonas periféricas, logo as escolas privadas ganharam maior espaço e conquistaram de vez o publico da classe alta, que não mais almejava uma educação publica, tão "publica assim".  Neste momento as lutas pela qualidade da educação não deveriam ter parado de ocorrer, mas o fato é que os envolvidos com a escola publica foram sendo, profissionalmente, desvalorizados, não tinham mais o prestigio de antes, o salário dos professores e a carreira docente foi perdendo seu prestigio até que chegamos aos dias atuais, onde profissionais da educação trabalham até em três períodos para garantir um salário mais digno para si, Enquanto os alunos desmotivados e perdidos pensam em utilizar o espaço escolar para muitas coisas, menos aprender.
Como profissional dessa área nunca desistirei de acreditar na educação publica e que as crianças pobres devem sim aproveitar esse espaço para aquisição de capital cultural que vai lhes ajudar a crescer como pessoas e profissionais no futuro. Gostaria de ter uma escola onde a criança pobre possa se reconhecer como individuo, não como estatistica de fracasso esperado, sonho com uma escola menos empresarial e mais humana, bem como espero que um dia o professorado consiga se reconhecer como classe e lute por seus direitos sem boicotar a si mesmos na hora das lutas por melhorias em sua carreira e em seu prestigio profissional.
E é por tudo isso, que penso e afirmo: Meu filho estuda em escola publica, pois o direito a educação é uma conquista adquirida com muita luta para ser vista como coisa tão banal. È por isso, também, que me fiz educadora, para mostrar aos demais que é possível sim chegar longe mesmo tendo em seu currículo escolas publicas.