quarta-feira, 5 de outubro de 2016

A Exclusão da Evolução Humana: Artes, Filosofia e Sociologia para Que?


Profª Ma. em Educação Leticia Brito
(Alguém sem notório saber, mas com muita dedicação aos estudos de leis educacionais)

OBS: Ao longo do texto podem ser encontrados hiperlinks que direcionam o leitor para pequenos textos, vídeos e livros que tratam sobre os termos apresentados.

Outro dia vieram me perguntar porque tanto descontentamento pela retirada dessas matérias da grade curricular do Ensino Médio afinal, hoje em dia a área de conhecimento que mais cresce são as ligadas a tecnologias e ciências exatas, não as humanidades, logo não é normal que essas disciplinas não sejam prioridades educacionais?
Bom, para responder corretamente a essa pergunta os convido a uma viagem no tempo, voltemos ao tempo para analisar a figura do Homo Sapiens e responder a seguinte questão: O que nos separa dos demais animais existentes no nosso planeta? Nossa capacidade de raciocínio. De fato, nossa capacidade de raciocinar, de observar o mundo tentando compreender o que nos parecia estranho, nossa habilidade de criar elementos que facilitavam a vida e mesmo o desenvolvimento de técnicas de plantio e a criação de comunidades primitivas, ao invés de continuarmos como nômades, nos conferiu sempre status de raça superior localizada no topo da cadeia alimentar.
Contudo, voltemos ao passado e me respondam a seguinte questão: Qual foi a primeira expressão que fez com que o homem primitivo caminha-se rumo ao seu desenvolvimento intelectual, ou melhor dizendo, qual foi a primeira preocupação deste homem? A resposta certa é a necessidade de transmitir seus conhecimentos, mas como se comunicar quando a fala ainda não existia? Por meio da arte.
A arte rupestre (arte primitiva), logo não é exagero algum dizer que a arte é o que nos difere dos demais animais e que nos categoriza como humanos. Se levarmos em conta que as pinturas nas cavernas antecederam o desenvolvimento da fala e até mesmo invenção dos primeiros alfabetos, não há sentido em pensar em currículo escolar que não possua preocupação no ensino das artes para o pleno desenvolvimento intelectual do ser humano.
Uma característica marcante na nossa espécie é a busca por conhecimento, sendo assim, com o passar do tempo e a evolução da humanidade o homem que atribuía a Deuses todos os acontecimentos naturais que não sabia explicar, começou a perceber que alguns fenômenos como as estações, dia e noite, entre outros, sempre se repetiam, sendo assim o homem moderno começou a sua busca por respostas sobre a vida o universo e tudo mais. Surgia assim a Filosofia e com ela muitas conquistas e desenvolvimento de um pensar critico, foram os filósofos antigos que inventaram conceitos que são transmitidos até hoje como astronomia, cálculos, leis, a politica, até mesmo a noção  que temos do que seria democracia foi retirada da filosofia, logo não podemos tomar a filosofia por uma matéria menos importante, visto que todas as áreas do conhecimento tiveram como origem essa "disciplina inferior".
Com o desenvolvimento de sociedades complexas, surge a necessidade de tentar entender como o funcionamento da mesma pode influenciar nossas vidas, surgia assim a Sociologia que procurava  estudar a sociedade com os mesmos critérios científicos das demais áreas do conhecimento.
Toda vez que pensamos em sociologia devemos ter a clareza de saber que o homem que não consegue analisar o meio em que vive  com critério cientifico, está fadado ao retrocesso. Imaginar que uma pessoa possa se desenvolver de forma critica para ser "útil a sociedade" sem ao menos compreender qual é o seu papel dentro dá mesma é o mesmo que imaginar alguém aceitando uma vaga de trabalho sem a exigência de um salário.
Tendo feito essas considerações cabe colocar a seguinte questão: Por que retirar Artes, Filosofia e Sociologia da grade curricular do ensino médio, ministrando apenas conceitos da mesma no primeiro ano do ensino médio e depois apenas se o aluno demonstrar interesse em estudar as humanidades?
De fato, o conceito do que seria ideologia surgiu dentro dos estudos da sociedade, contudo o que cabe a mim, como estudiosa de politicas educacionais é o seguinte alerta: Não há currículo sem ideologia uma vez que a finalidade deste é preparar o homem ideal para o tipo de sociedade atual.
A pergunta que cabe aqui sempre será uma apenas, que tipo de homem a Reforma do Ensino Médio procura preparar para a sociedade? Estariamos fadados ao retrocesso de uma multidão de especialistas em um único grão de areia?
Que possamos viver em meio ao lindo e ideológico mundo perfeito, sem barreiras, interativo e globalizado e não que façamos com que os nossos jovens que a muito já estão confusos pelo excesso de informações que nunca se aprofundam, ao retrocesso do homem de Chapplin no seu celebre filme Tempos Modernos.

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