sábado, 21 de maio de 2011

O Primeiro Dia de Muitas Vidas



Hoje acordei com um sorriso renovado e com uma nova esperança no olhar, meus olhos que sempre mudaram de cor, hoje acordaram multicolor e olharam para o céu repletos de uma nova esperança.
O reconhecimento da união homo afetiva como estância familiar trouxe nova esperança a minha calada alma revolucionária, bem como me fez perceber os meus preconceitos em relação aos ministros que compõem o Supremo Tribunal Federal. Não deixou de ser bonito meu engano e mais belo ainda foi assistir nesses dois ultimos dias, pessoas que considerava preconceituosas reconhecendo que as mudanças na constituição são necessárias.
Por que tamanha alegria, visto que sou heterossexual?
Simples, nesse Brasil no qual estamos somos todos minorias, e quando uma parcela "pequena" da população conquista um direito básico não deixo de ficar alegre, pois a conquista se torna coletiva e a revolução mostrasse coerente, visto que conquistada pelo bom senso.
Sei que tal decisão pode ser vazia de todo esse encanto que me toma e que pode ser uma decisão unanime por seu caráter de pressão popular. Bem como o racismo é considerado criminoso e ainda tratamos tantos como "neguinhos", assim como a mulher não é mais considerada intelectualmente incapaz e ainda sim continua ganhando salários mais baixos e sofrendo maus tratos.
Vejo a decisão com bons olhos por saber que o seu simbolismo é de uma importância impar na evolução da nossa sociedade. Mesmo com a certeza de que hoje não acordamos menos preconceituosos e que ainda veremos muitas noticias de intolerância contra os homossexuais, não deixo de me alegrar, pois um primeiro passo foi dado e essa conquista ninguém faz nos tirar.
Aos poucos nos libertamos das amarras do passado e reconhecemos que o mundo e as pessoas mudam e isso nunca há de ser ruim.
Por todo o povo brasileiro, que entre milhões de pessoas continuam a ser minorias, olho hoje para os céus e sinto uma felicidade tamanha, pois hoje é o primeiro dia da história das vidas de tantos casais que podem se considerar finalmente livres para amar.

Confusões - Discussões Sobre o 1º de Maio



" Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo o que fizemos,

ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais..."

Como Nossos Pais -Belchior


Esse final de semana foi marcado por discussões e reflexões politicas das quais participei, sendo uma mais formal e a outra informal. Primeiro no sabádo, dia que antecedeu o dia do trabalho, fui para uma palestra com três lideres sindicais de diferentes sindicatos. Apesar do meu cansaço ocasionado pelo estudos, foi uma manhã proveitosa, contudo um tanto desanimadora, porque naquele momento, ao ouvir os palestrantes com suas opiniões tão divergentes, pude notar algo que já vem me incomodando há algum tempo: o fato da crise ideológica da esquerda, que se remete o tempo inteiro ao passado, esquecendo que a luta não pode mais ser travada do jeito que foi antes, afinal, os tempos mudaram, os dias também. Sei que não podemos esquecer nunca das lutas travadas no passado, mas não podemos esquecer que temos todo um futuro e que ver os sindicatos tão partidários dá um certo desânimo, afinal, como podemos pensar em um sindicato unificador se a maioria se divide no terreno de suas próprias vaidades e não por seu ideal coletivo.

No domingo acordei já era hora do almoço, meu pai então chegava da missa dos trabalhadores da qual ele participa todos os anos na Igreja Matriz de Sâo Bernardo do Campo. Ele entrou no meu quarto dizendo o quanto a missa foi boa, só que ele não entende a parte dos shows, por isso sempre volta para casa após a celebração. Depois do rápido bate papo ele me entregou um folheto que me chamou muito atenção para uma séria reflexão:

"Por que realizamos nossa missa de 1º de Maio na região do ABC?

Para homenagear a memória dos lutadores de 1886 e lembrar que a classe trabalhadora deve sempre continuar lutando por seus direitos, até conquistar vida digna e plena...

Essa parte do folheto me fez relembrar não só do debate do dia anterior, mas antes da razão pela qual meu pai um dia participou de greves, se filiou a um partido e ainda hoje participa de várias discussões politicas na nossa cidade: Ele ainda tem a consciência do poder coletivo.
Vivemos em tempos tão áridos, onde nos descaracterizamos como classe, no mundo do trabalho somos individuos, temos tanto medo de ser somente mais um número que a todo momento precisamos nos fazer notar como seres individuais, depois nos juntamos em grupos para reclamar dos estranhos rumos que nossa politica toma.

A dita esquerda sonhou tanto em chegar ao poder, que uma vez no poder começou a entrar em crise existencial. Afinal, o que fazer quando conseguimos realizar um dos nossos grandes sonhos? O mais lógico seria começar a sonhar com algo novo para a vida não perder o sentindo, contudo, o que noto em meio as dicussões da esquerda hoje em dia é a velha confirmação filosófica de que não sabemos ser livres, por isso não sabemos lidar com nossas grandes conquistas, porque elas nos pedem grandes responsabilidades. Triste fim para uma visão politica na qual acredito com tanto empenho, mas não deixa de ser verdadeiro.

Outra crise politica é essa insegurança direitista que, acostumada com as vitórias sobre tantos utópicos, com a derrota presidencial em mais uma campanha começou a se descaracterizar. Mostrar visíveis desse fato são as crises de um dos partidos de maior representação nessa linha politica, o PSDB, que começou a fazer propagandas(veja o video postado no inicio do blog) que lembram muito as feitas por seus opostos. A criação de novos partidos que são ideologicamente vazios, bem como a falta de um papel claro sobre a função da direita atual e sobre o fato de quem, hoje, pode ser considerado de direita?

Nesse primeiro de maio, dia que relembra lutas tão importantes que foram históricamente travadas, creio que o meu maior desejo seria poder acordar num país que respeita a sua história, mas tem a consciência de que o mundo evolui, e que esses velhos idealistas que estão a frente de tantos sindicatos e partidos contraditórios deveriam apostar numa máxima: na formação politica de jovens representantes da direita e da esquerda. Afinal, política é vida, e como toda vida segue um ciclo, nenhum de vocês, enquanto indíviduo, vai permanecer para sempre a frente das representações sociais.

- A qual movimento você pertence mesmo? - me perguntaram.

- A nenhum, sou apenas uma estudante de educação.

Penso que deveria ter respondido agora de outra forma: Represento o futuro por algum tempo, até que meu filho possa crescer e tomar o meu lugar.

Educação em Luto


Como em todos os dias, hoje levantei ás 6h00 da manhã e me arrumei para levar o meu filho até a escola e enquanto vestia meu pequeno fiquei pensando nas mães das vitímas de Realengo que nunca mais vão se irritar com as crianças que nunca querem acordar, nunca mais caminharam até a porta da escola com seus filhos, ou até mesmo, nunca mais tomaram juntos o café da manhã apressado de quem se despede do filho enquanto eles entram na perua escolar.
Desde a decáda de 30, a imagem que a educação tenta nos vender é a de que sem educação não há futuro, pois somente atráves dela podemos mudar o rumo de nossas vidas. Mas, afinal, que educação estamos dando as nossas crianças e jovens que faz com que um caso tão barbáro ocorra em um país que até então nunca tinha vivenciado episódio tão tenebroso?
O jovem que cometeu tal ato insano sempre foi visto como um excelente aluno dentro da escola, talvez seja esse o primeiro erro do sistema, que ao se deparar com o dito "bom aluno" nunca presta atenção em suas reais necessidades, isso porque na educação ainda se acredita que o importante é desenvolver o lado cognitivo (saberes) deixando de lado tudo que possa parecer mais humano que o bom desempenho escolar.
Além disso as vítimas, em sua maioria, foram meninas, fato que não pode ser visto como casual e sim como premeditação, fazendo com que esse crime se transforma-se não apenas em uma fatalidade, antes acabou virando mais um crime contra a mulher, essa que lutou tanto para ter acesso a educação ao longo da história. Esse é o retrato de uma sociedade patriarcal e machista que faz com que meninas se transformem em mulheres cada dia mais cedo, que ensina as mesmas a criarem seus filhos homens dentro da lógica patriarcal e que marca a mulher com o eterno estigma do desejo pelo corpo feminino.
Sou solidária as lágrimas derramadas pela nossa presidenta Dilma Rousseff, que diante da fatalidade, em seu pronunciamente pediu por um minuto de silêncio e neste minuto deixou que as lágrimas tomassem conta de seus olhos. Isso ocorreu não somente pela sensibilidade feminina, mas antes porque ela, como um símbolo de vitória e conquista feminina, conseguiu ver o quão longe estamos de realmente nos livrar dessa herança patriarcal que faz com que a mulher se transforme em "coisa" não em um ser dotado de capacidade e inteligência para além da adiministração do lar e trato dos filhos. Sem querer levantar bandeiras partidárias, pois antes da figura me remeto a mulher que todos esquecem que existe para além da figura da autoridade de Dilma.
Não bastasse todos esses aspectos do crime, em meio as redes sociais o que mais houve foram afirmações preconceituosas vindas de pessoas que afirmavam que fatores religiosos influenciaram no atentado, alguns até cogitaram a hipótese do jovem ser adepto da religião muçulmana por causa das afirmações de alguns detalhes de sua carta suicida. Mas uma vez uma fatalidade foi utilizada para desencadear o preconceito velado de tantos, pois como poderia essa afirmação ser verdadeira quando a carta leva os nomes de Deus e Jesus? As pessoas tendem a aproveitar situações de crise para declarar seus preconceitos sem precedente.
A idéia do jovem certamente foi importada e inspirada no caso de COLUMBINE, contudo não é saudável globalizarmos também as paranóias e medos estrangeiros, afinal, nossa realidade é diferente e precisa ser analisada pela ótica da análise da sociedade brasileira e não do preconceito estrangeiro.
Outra afirmação que me deixou um tanto conturbada foi a de como o rapaz não tinha amigos e passava o tempo inteiro recluso em frente ao computador. Não podemos culpar a tecnologia e os meios de comunicação pela criação de tipicos sociopatas, antes temos que analisar o porque estamos deixando uma invenção que foi criada para ajudar o homem transformar as pessoas em máquinas que possuem duas vidas, uma no mundo real e outra nesse universo paralelo onde podemos, se desejarmos, nos transformar até mesmo em Deuses que ficam fatalmente marcados e chocados quando são atirados para viver em meio ao mundo real.
Crimes como o que ocorreu em Realengo me fazem sofrer como educadora, mãe e mulher que sou. Me fazem temer ao pensar no mundo que estamos criando para os nossos filhos e para as próximas gerações.
Para terminar esse texto deixo aqui um trecho do livro Educação e Emancipação, que relata um entrevista de um dos Filósofos da Escola de Frankfurt Theodor W. Adorno, que fala sobre a Educação após Auschwitz (campo de concentração Alemão). Como alemão e judeu fa uma reflexão sobre o que temos que fazer para evitar tal atrocidade, e mesmo para aqueles que não pertencem a área da educação cabe compartilhar tal reflexão que tem um forte apelo a todo e qualquer ser humano:

"...se as pessoas não fossem profundamente indiferentes em relação ao que acontece com todas as outras, excetuando o punhado com que mantêm vínculos estreitos e possivelmente por intermédio de alguns interesses concretos, então Auschwitzs não teria sido possível, as pessoas não o teriam aceito''. (ADORNO,p.134)

Em outras palavras, não é hora de apenas lamentar pelo o que aconteceu, antes é hora de lutarmos para que esse tipo de evento não aconteça nunca mais em nosso país.

Bolsonaro no País da Hipocrisia




Era uma vez um jovem senhor de velhos costumes que vivia num pequeno planetinha chamado Barbárie666. Nesse pequeno planeta não existiam minorias, as pessoas eram todas brancas, magras, sorridentes e heterossexuais. Não havia corrupção, a família, tradição e a religião eram valores respeitados por todos que temiam a Deus e respeitavam sua Pátria acima de todas as coisas. Todas as tardes ao lado da sua família , o jovem senhor olhava opor do sol e via que tudo aquilo era bom.
Um dia, para seu desespero, enquanto o jovem senhor marchava com seu exército ele se distraiu enquanto observava um coelho que fumava um baseado, como bom capitão ele tentou pegar o coelho para aplicar a devida medida disciplinar, foi quando escorregou e caiu num buraco negro que o levou diretamente para um universo paralelo onde não havia apenas uma raça e sim raças que viviam juntas, homens andavam de mãos dadas com outros homens, mulheres não cuidavam mais dos seus maridos, os filhos não seguiam os sonhos de seus pais, antes construíam seus próprios caminhos. Não existia militares no poder, o que havia ali era a chamada democracia e para que tudo fosse mais insuportável uma mulher, veja só meu Deus, uma mulher estava no poder daquele imenso e tenebroso universo.
Tudo era assustador, o jovem senhor sentia que precisava escapar dali para voltar a viver feliz no seu mundo de perfeição e disciplina. Como ele era muito inteligente sabia que só conseguiria sair dali se fingisse viver em meio aquela gente tão insuportável e diferente, por isso ele resolveu fingir que trabalhava por eles e aos poucos ensinava aquele povo todo, através de seus discursos, o que era viver conforme as regras da tradição, justiça e família. Seu jeito de falar era tão perturbador e diferente que muitos começaram a admirá-lo, e foi assim que ,vendendo a imagem do que seria a perfeição, o jovem senhor se elegeu com 120 mil votos de um povo que, não querendo se declarar preconceituoso, adotava aquela figura como alivio de suas frustrações.
Tudo finalmente corria bem e o jovem senhor já podia avistar, ao longe, o velho buraco negro por onde havia entrado naquele mundo sombrio, mas quando ele pensou estar perto do fim algo inusitado aconteceu: Ele falou a verdade para aquele povo.
A partir daquele dia todos os que o apoiavam se esconderam, deixando que o jovem senhor ficasse preso para sempre em meio ao país da hipocrisia. Sem chances de voltar para o seu planetinha perfeito, o jovem senhor foi infeliz para sempre, vivendo preso em sua mente dentro das regras de um planeta que para ele nunca mais seria verdade.

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A todos aqueles que desprezam a conduta antiética e desumana de Jair Bolsonaro e a todos os que concederam a ele seus votos.



Cega, Demasiadamente Cega

(Fonte: www.acessa.com)


Sempre que pensamos no futuro, seja no meio politico ou em caracter pessoal, a primeira preocupação que nos vem a cabeça é a luta por uma educação de qualidade para nossas crianças que faça nossos filhos crescerem sábios e nação avançar rumo um explendido desenvolvimento. A educação é tão importante que é um das unicas áreas de estudo que aceita a intervenção e opinião de tantas outras áreas, afinal, a educação é para todos, democrática e por isso deve ser discutida por todos os envolvidos no processo.
Dentro desses debates sobre a educação, sempre costumam dizer que a educação esta falida, pauta que eu, como Pedagoga, não costumo levantar como bandeira. Contudo, com base nas ultimas noticias sobre atos homofóbicos publicados na midia, tenho que concordar que a educação realmente esta falida, mas ao contrário do que possam imaginar esse fato não esta acontecendo dentro das escolas publicas, como também em várias instituições renomadas que são responsáveis por formar os filhos da elite do nosso país.
Como levar a sério uma mãe que tenta explicar a grotesca atitude de seu filho "menor de idade" que agrediu três pessoas friamente, justificando que foi apenas uma atitude infantil tomada pelo filho? Como se apenas a visita a um especialista ou um bom castigo, diminuissem a gravidade do ato. Ainda tentando mostrar como seu filho era um bom rapaz, ainda nos declara que ele sempre tirou boas notas. Por fim, o que são notas boas diante de atitudes baixas como essa? Parece que a formação nas escolas dos grandes bairros esta tão voltada para as "boas notas" que esqueceram de ensinar valores indispensáveis a uma vida em sociedade.
Como se não bastasse esse incidente, na ultima quinta (11/11) postaram no blog da folha o Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia, onde a Universidade Mackenzie utilizando várias citações biblicas e argumentos retirados da nossa constituição, mostrava sua posição contraria a aprovação da lei que torna crime posturas homofóbicas, alegando que eles possuem o direito de instruir seus alunos a não praticarem o homossexualismo. Argumento fraco, uma fez que homossexualismo não é nenhuma doutrina que possa ser pratica e sim uma opção sexual adotada por algumas pessoas.
Uma instituição respeitada, que vende camisetas, mochilas, entre outros objetos com a marca "Mackenzie Solidário" não consegue ser laica a ponto de respeitar as opções adotadas por algumas pessoas para sua vida.
Diante dessas noticias, me afasto da minha literatura e olho para o mundo com os olhos de quem ainda quer enxergar um belo futuro para a educação do meu país, mas tudo que sinto é que como a justiça a educação esta cega, pois não quer ver o quanto de contéudo estão ensinado e o quanto de valores estão deixando de pregar. Sinto como se as grandes instituições que sempre foram tão adimiradas por muitos jovens de classe média formacem pessoas demasiadamente cegas para tudo o que possa lhes parecer diferente e terrivelmente oposto.
Uma pequena pausa, sinto como se minhas mãos se aproximassem do mastro da bandeira da desmotivação, contudo, espero me manter confiante a ponto de esperar por melhores noticias nos dias que viram.

Sobre o Orgulho

Acervo Próprio

Presa em meio a escrita de um projeto de pesquisa nem pude opinar sobre a lamentável estudante de direito que falou tão mau do povo nordestino após o nordeste eleger Dilma como a nossa próxima presidente.
Mesmo não podendo opinar, enquanto lia, fazia fichamentos e escrevia pensava no por que eu faço tudo isso?
Simples, minha vida não é só minha, me entrego ao trabalho assim como meu pai um dia se entregou fazendo seu melhor dentro de uma fábrica para garantir que seus filhos nunca vivessem as mesmas terríveis experiências dentro de uma mesma indústria metalurgica. Escrevo por minha mãe, que na quinta série abandonou os estudos porque uma professora gostava de lhe falar o quanto ela era incapaz. Mesmo assim, foi ela que sempre ensino seus filhos a acreditarem em si e nos seus sonhos, mas sempre com os pés no chão.
Estudo pela minha avó materna que se alfabetizou porque invadia as aulas que seu pai ministrava aos meninos filhos da elite, e também o faço por minha avó paterna que morreu sabendo apenas assinar o nome, mas que era dona de uma sabedoria magnifica, que só o povo que sofre e luta sabe ter na vida.
Quero avançar na vida pelo meu avô materno, que pagava pessoas para escrever cartas para minha avó demonstrando o seu amor e luta para lhe dar um futuro bom, também o faço pelo meu avô paterno, homem forte e sofrido que mesmo sabendo apenas poucas letras e operações simples soube criar seus filhos com valores que faltam a muitos ditos intelectuais.
Agora tento avançar também pelo meu filho, pedaço mais caro e bonito de mim, para que ele possa um dia sentir o mesmo orgulho e respeito que aprendi a ter por minha família nessa minha vida.

Acho que esqueci de mencionar, tirando minha mãe e meu filho, todos que fizeram com que eu me transforma-se no que sou hoje são nordestino, todos tão diferentes mais com algo em comum: a força de quem dá valor as pequenas coisas.
Em meu sangue levo uma herança de lutas , não um conjunto de bens materiais, afinal, viver do que eu não conquistei é fácil demais, tanto que até me sobra tempo para gastar com ofensas desnecessárias que não nos levam a nada, além de um minuto de fama e uma vida de exclusão.
Tenho orgulho de ser um pouco desse povo que não é uma raça, mas deve ser respeitada por toda sua força e por tudo que durante anos criou. Afinal, existiria um Paulista de sangue puro, sendo que na região sudeste não há cidade mais nordestina? E mesmo antes deles migrarem o que havia aqui eram tantos descendentes de europeus, na maior parte italianos, todos imigrantes com um pé em outro continente e outro nas fazendas e chãos de fábricas.
O ruim dessa história toda é ver que as pessoas continuam achando que não possuem uma história própria, e que se querem fazer parte da história, primeiro devem aparecer nas pesquisas do Google.



PS: Foto da Casa onde meu Pai nasceu e onde por longos anos, foi feliz com seus irmãos

O Que Eu Aprendo na Escola?

Acervo Próprio


-Mãe, é sério eu não presciso mais ir para escola.
- Por que, Nicholas.
- Porque eu já aprendi tudo o que tinha para aprender lá.
- Nick, a gente sempre tem alguma coisa nova para aprender, sabia?
- E o que eu aprendo na escola que você não pode me ensinar?
- ...

Essa conversa com o meu pequeno me fez lembrar das minha aulas no curso de Pedagogia, onde se falava o tempo inteiro em reencantar a educação. Era um belo discurso para as manhãs, mas me pergunto o que estão fazendo, de fato, fora do espaço acadêmico para cumprir com essa tarefa?
De longe querer criticar o sistema ou mesmo o trabalho desse ou daquele profissional, o problema é perceber que crianças tão novas não estão encontrando na educaçãoaquele ponto atrativo e gostoso que liga ela a vida cotidiana. E eu fico preocupada por uma criança de 4 anos achar que do jeito que as coisas vão na escola o melhor era ficar em casa. Ainda mais porque a educação infantil é extremamente importante para o desenvolvimento das crianças, pois pressupóem um trabalho e avaliação de maneira ampla, que leva em consideração todas as etapas do desenvolvimento, seja ele cognitivo ou não.
Infelizmente, por mais que meu pequeno pareça ser maduro, não posso sentar e explicar para ele que, por lei, sou obrigada a matricular e manter ele numa escola, pois caso o contrário eu posso ser punida por negligência até mesmo com prisão, isso só iria assustar a criança. Contudo, como educadora fico incomodada por não saber responder o que ele aprende na escola que não pode aprender em casa. Não poso deixar de pensar que a escola, ainda mais a infantil, deveria causar um impacto positivo nele e não fazer com que o meu pequeno para e reflita sobre o porque de passar algumas horas de sua pequena vida afastado da família num espaço que, aparentemente, não esta sendo tão atrativo para os seus pequenos olhos.
È preciso reencantar a educação? Certamente sim, mas que esse reencantamento aconteça fora dos livros e da acadêmia, que eles possam se tornar vida e tornar a vida de tantas crianças um tanto mais interessante e repleta de significados positivo.
Outubro/2010

Onde Estão os Quixotes?


Por esses dias recebi um email com o seguinte assunto: Professores (não deixem de ler). Nem preciso dizer que me interessei imediatamente, afinal, sou uma estudante de Pedagogia prestes a me formar e declaradamente apaixonada pela minha área.
A mensagem relatava a história de uma professora muito observadora que ao ler uma matéria super interessate na revista "Veja" sobre como os estudantes de origem japonesa estão conquistando os cargos mais importantes no mercado de trabalho e tudo isso devido ao seus incansáveis esforços em seus estudos que, segundo a matéria, tomam metade do tempo livre desses jovens e crianças. (interessante, não?)
Essa matéria foi tão significativa para a professora que ela resolveu observar se essses dados eram verdadeiros, como cobaia, utilizou a sobrinha da sua coordenadora pedagógica que havia voltado recentemente do Japão e visitava a escola onde a tia trabalhava. Quando a professora notou a cara de horror que a menina ficou quando observou as salas cheias, com alunos que falavam o tempo todo e não respeitavam a autoridade das professoras, ela se encantou definitivamente pelos alunos japoneses. Ao perguntar para a menina o que acontecia com as crianças que tinham esse comportamente no Japão recebeu a seguinte resposta: Ficam de castigo. E qual é castigo: Não sei, nunca ninguém ficou.
Depois de ler essa matéria e conversar com a menina a conclusão a qual a pessoa chegou foi que o grande problema da educação está nas crianças brasileiras que não são educadas para os estudos, pois seus pais as deixam nas mãos das pobres professoras que ficam responsáveis por toda a criação da criança e ainda ganham mal.
Sim, era mais um email que falava sobre os baixos salários dos professores e da desvalorização dos mesmo que são sempre tão ofendidos com os seus cursos de capacitação e reciclagem. Também não concordo com esses termos para os cursos oferecidos ao professorado, contudo, creio que isso não deveria ofender nenhum docente, afinal, quem escolheu essa profissão deveria ter a consciência de que estudaria para além da faculdade.
O ponto que mais me deixou indignada foi o da comparação entre estudantes brasileiros e japoneses, creio que essa discussão não deveria nem mesmo existir, afinal, são culturas diferentes, não dá pra dizer quem é certo ou errado, além disso, essa visão de que tudo o que nos é diferente é melhor não cai bem para uma pessoa que se dispõem a exercer a função de professor.
Creio que um dos principais problemas da pedagogia no Brasil é que nós nunca criamos uma pedagogia que pudesse ser chamda de pedagogia brasileira, nós sempre seguimos os exemplos de fora, sem levar em consideração o fato dos alunos brasileiros serem culturalmente diferentes dos alunos que podiamos encontrar nos países que nos importam pedagogias.
De fato, o que falta em nosso país são Quixotes, aqueles sonhadores que acreditam no sucesso das batalhas que parecem perdidas, aqueles que arriscam ir contra todas as expectativas e lutar por causas que merecem atenção e suor.
Não sou adepta de Paulo Freire, mais tenho que adimitir que um dia ele teve um sonho, ele lutou contra um grande moinho que transformou seu sistema em mobral. E mesmo agora, depois da sua morte e das suas releituras em meio a cursos de formação, consegue tocar alguns poucos Quixotes escondidos, pena que ao contrário do que ele gostaria parece não existir apoio aos que tentam supera-lo. Dai caimos mais uma vez na rede das comparações e tudo isso porque não conseguimos seguir em frente, apenas aproveitamos o que parece que dá certo em algumas situações.
Como futura educadora só posso questionar, me indignar e esperar que um dia a situação mude e possamos enxergar qualidades em nosso país e em nossos alunos.

Agosto/2009

Anti-Cultural

Cultura

Agricultura

Avicultura

Apicultura

Floricultura

Cultura Estrangeira

Cultura Brasileira

Cultura Popular

Cultura Útil

Cultura Inútil

De que me adianta a cultura?

Se não tenho terra pra plantar

Se a galinha que crio alimenta outra família

Se roubam o mel da minha vida

Se já não há mais jardim, nem flor...

Sorry, diz ‘alguém’ com prato cheio

Cultuando não Machado,mas bundas e peitos

Fugindo do Maracatu pra cair no Samba

E ainda se acha útil...

Você é um inútil,

Você não é ninguém,

Apenas um simples ladrão

Do suor de outrem

Dezembro/2005

Regras a Seguir

(Acervo Próprio)

Nestas linhas contém a explicação do por quê eu tenho tanto medo de mostrar aos outros o que eu escrevo. Confiram:


Regras a Seguir



Não importa a função que se exerça, em todas as carreiras profissionais temos regras de conduta e ética a seguir. O profissionalismo tem de estar sempre em primeiro plano.


Na área educacional não poderia ser diferente, pois o profissional desta área tem o dever absoluto de formar cidadãos , que mais tarde cuidaram do nosso tão precioso e estimado futuro da nação.


Os professores devem ser admirados e agraciados em todos os dias da vida de um discente, pois este tão estimado profissional é capaz de fazer os mais admiráveis sacrifícios em prol do bem de seus alunos, visto que estes são os possuidores de muitos conhecimentos e verdades que desconhecemos. Resumidamente falando, eles são nossos espelhos, pois neles vemos refletidos as maneiras corretas de se ser e agir.


Muitas vezes para atingirem o seus objetivos, eles são obrigados a abrirem os olhos de seus alunos e com a suas bondosas canetas vermelhas ensinar-lhes a verdade absoluta dos manuais sem mistificações ou fatos irreais. Em outras circunstâncias, obrigarem seus alunos a pensar e trilhar o caminho certo, afinal, não há paradigma a ser quebrado ou planejamento a ser mudado. O que esses pobres profissionais encontram são alunos sempre indisciplinados, nada mais. Pois crianças são todas iguais, não há como e nem por onde diferencia-las.
Depois de dezesseis anos de estudos, pode-se entender o papel que certa profissional tivera em minha vida, afinal, se não fosse seus prestimosos serviços de repressão a fantasias infantis seria eu um ser menor do que sou. Pois seguindo o exemplo da ‘minha querida professora’, desejo ser mais, muito mais que uma mulher insatisfeita com meu serviço e salário, um ser que aliena seus alunos por saber que dar instruções é mais fácil que ensinar.


Pretendo ser capaz de ouvir vozes e não de tranca-las por tempo indeterminado em uma redoma de vidro quase que intransponível , se não fossem algumas rachaduras feitas por outra profissional anti-ética e um tanto poética



Dezembro/2005