Acredito que falar sobre educação é discursar sobre os conflitos da vida humana, por isso, falarei sobre um tema dificil nessa área: os sentimentos
Quantas não foram as lutas para que nas nossas relações intimas pudessemos ter mais liberdade e poder de escolha? Antigamente mulheres eram vistas como moeda de troca, eram ensinadas que amor se aprende a sentir com o tempo, mesmo que sua família tenha escolhido o ser mais repugnante para ser o seu parceiro você deveria aceita-lo, nunca questionar seus atos e, por fim, ser sua doce esposa.
Graças a luta de muitas mulheres de coragem conquistamos toda a liberdade que temos atualmente, fazemos parte do mercado de trabalho, nossa escolaridade aumentou e muito, temos liberdade sexual para escolher o parceiro que quisermos e mesmo para simplesmente fazermos sexo casual. Contudo o que estamos fazendo com a liberdade adquirida ao longo de todos esses anos de lutas de mulheres realmente fortes quando o assunto são nossos sentimentos ?
Me incomoda ver exemplos de meninas novas que acham que qualquer coisa que fale de sentimento é algo infantil, como se desejar carinho ou ser amada fosse algo muito errado. Declarar amor verdade hoje em dia é a nossa kriptonita, e quem quer ser fraco, não é mesmo.
Parece que, confusas, estamos utilizando toda nossa liberdade sexual para ser tão ignorantes como alguns homens machistas que nos tratavam como pedaços de carne. Sim, temos mania de falar que os homens são todos iguais, mas não conseguimos fazer a diferença na vida de nenhum deles. Com essa afirmação não estou demostrando ser uma mulher machista, ao contrário, sou feminista, marxista, mas nunca serei extremista e sim, acho que no mundo falta muito carinho, amor e demostrações de afeto. Afinal de contas, se só dermos valor ao coito, a uma boa pegada, o que vai nos separar dos demais animais?
Sim, por mais que tentemos negar nossa natureza animal, ela tem crescido cada vez mais dentro de nós, não só de mulheres, como dos homens também, sinto-me, por vezes, vivendo dentro do Admirável Mundo Novo, onde fazemos sexo apenas por prazer e somos viciados em soma, fazendo com que o mundo seja sempre movimentado, produtivo, mas vazio de sentimentos.
Temos que reaprender a sentir, reinventar e dar novo sentido as nossas relações que podem ser abertas, fechadas, ter a denominação que quisermos, contanto que não nos esqueçamos que demonstrar sentimentos não é fraqueza, antes é a lembrança do quão humanos somos e de como precisamos do outro para evoluir em nossa vida.
Dificil encontrar uma pessoa que nunca tenha vivido uma dura experiência no campo dos sentimentos que acaba deixando a pessoa com medo de novas relações, contudo, viver sobre a ótica do medo é não aceitar uma grande verdade proclamada pelo grande filósofo Satre: Nós somos condenados a ser livres. Portanto temos a liberdade para fazermos o que bem entender, contudo, quando as coisas derem errado não é correto culpar o outro por isso, uma vez que em toda relação que não dá certo não existe um unico culpado, existe um conjunto de fatores que nos levam ao fim. Escolher passar por isso também é uma escolha individual, e permanecer com medo também.
Por isso digo, ainda sonho com o dia em que nós mulheres e homens saberemos usar a liberdade que temos dando espaço aos sentimentos para que não nos tornemos por um todo animais, que não sentem, apenas copulam por instinto.
Pensem nisso antes de começarem uma guerra entre os sexos.