sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Educação Estatística


Não foi pequeno o numero de pessoas que ficaram chocadas diante da noticia de que um menino de apenas 10 anos atirou em sua professora e, em seguida, se matou, na Escola Municipal de Ensino Alcina Dantas Feijão, na cidade de São Caetano do Sul, no ultimo dia 22 de setembro de 2011.
Todos se perguntam o que se passou na cabeça de uma criança tão nova para cometer tal ato de violência. Seria a falta de amor? A falta de Segurança? A falta de profissionalismo da professora? Ou o grito de socorro desesperado de quem quer atenção?
Creio que mais do que tentar responder essas perguntas, cabe a todos nós fazer a seguinte reflexão: para onde nossa educação estatística vai nos levar?
Atualmente, quando se fala em desenvolvimento educacional a primeira coisa que nos é apresentada são dados estatísticos, vide exemplo do vídeo de propaganda Educação: Uma Agenda Urgente. Lançado nas mídias sociais após o Congresso Internacional: Educação, uma agenda urgente, realizado entre os dias 13 e 16 de setembro.
Creio que as ideias e discussões levantadas neste congresso são realmente relevantes para o crescimento econômico do nosso país, mas algo que não fica claro a todos nós quando falamos de desenvolvimento educacional é a seguinte questão: Que tipo de pessoas queremos formar nas escolas? Essa é uma pergunta que, desde, 1930, com o começo do pensamento da escola aberta para o povo, não conseguimos responder. Temos apenas a consciência de que a educação é importante, mas qual é sua finalidade e função social?
Um termo muito utilizado atualmente é o da educação para a empregabilidade, educação que visa apenas preparar o homem para o mercado de trabalho, fazendo com que ele adquira competência para se adaptar as necessidades do mercado de trabalho.
Partindo desse principio, nosso trabalho nas escola fica vazio do sentindo humano da educação, professores trabalham preocupados com as notas que suas escolas vão receber no Ideb , preocupam-se em atingir metas que, uma vez atingidas, acabam por não significar nada para os alunos que participam do processo educacional.
Toda essa história me remete as minhas leituras e estudos sobre a Violência Simbólica, de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, conceito que nunca foi muito bem aceito pelos professores por sua veracidade, pois segundo os autores, a classe dominante impõem sua cultura aos dominadas, e não existe lugar na vida social mais apropriado para essa imposição do que a escola que exerce papel fundamental na legitimação da violência simbólica.
Esse acontecimento também me remete a tantos encontros de educação dos quais eu já participei e de como, em meio a discussões acadêmicas já desejei encontrar representantes do povo que tivessem a coragem de se levantar e dizer: Desculpe, mas as coisas não acontecem desse jeito...
Contudo, com nossas escolas criadas para o mal e não para o bem, tudo o que podemos observar, e a mídia se fartando com a noticia de um aluno que, em seu último grito de desespero, preferiu se matar a viver nessa realidade paralela onde todos defendem a escola, mas ninguém suporta viver dentro dela.